Del Delker em foto de 1947
Del Delker conta que quando tinha
apenas 3 anos de idade, foi, sem que sua mãe soubesse, até uma esquina próxima
de sua casa e começou a cantar. Logo o povo se aglomerou em torno dela e começou
a dar-lhe dinheiro. Quando finalmente sua mãe a encontrou, ela tinha as mãos
cheias de moedas.
Quando jovem, muitas pessoas lhe
convidavam para cantar em igrejas, mas ela ia apenas para ser gentil.
Na primeira vez em que ela se
apresentou para um grande público teve um momento em que o orgulho começou a
aparecer. Ela se sentiu tão desconfortável com esse sentimento que foi para um
lugar solitário e orou ao Senhor: Senhor,
se minha voz for a causa de eu não ir para o Céu, por favor, tire-a de mim!
Ela conta que sentiu como se Deus falasse com ela e dissesse: Eu tomarei conta do seu ego. Deixe isso
comigo.
Durante seu longo período cantando
para Deus ela sempre afirmou que a glória
precisa ir para o Senhor que deu o dom.
Ela foi batizada na Igreja
Adventista no dia 27 de Março de 1947. Nesse mesmo ano um homem ligou da Voz da Profecia pedindo a ela que
considerasse a possibilidade de vir trabalhar cantando no ministério do rádio.
Ela já vinha cantando regularmente
em um programa de rádio da igreja chamado “The Quiet Hour” (A Hora Tranquila) e
não deu muita importância ao telefonema respondendo que não estava interessada.
Mas, depois de alguns dias, outra
pessoa ligou e fez a mesma pergunta.
Ela, educadamente, respondeu que já
havia dito que tinha certeza de que o Senhor tinha outros planos para a sua
vida, se sentia honrada com o convite, mas a resposta era não.
Quando ligaram pela terceira vez,
ela pensou que as pessoas da Voz da
Profecia não tinham conversado entre si e não sabiam que ela tinha
recusado.
A pessoa que ligou disse que sabia
de sua resposta negativa aos dois primeiros telefonemas, mas, sentia que o
Senhor tinha planos para ela. A Voz da
Profecia precisava de uma voz feminina em seu departamento. Ele ainda disse
a Del que orasse a respeito e ouvisse a resposta de Deus.
Deus começou a trabalhar em seu
coração para que aceitasse o chamado, mas ela estava dividida.
Sua mãe percebendo sua aflição
perguntou:
“Tem alguma coisa preocupando você,
não é, Del? Foi novamente o pessoal da Voz
da Profecia?”
“Sim”,
ela respondeu, “mas você sabe que eu tenho planos de ir para a faculdade no
próximo Outono. Eu não consigo ver como Deus estaria me chamando para mudar
esses planos e me unir a esse ministério. Como é que vou saber o que é certo
fazer?”
“Sabe
quem você está me fazendo lembrar?” Respondeu
sua mãe.
“Quem?”
“Você
está me lembrando da história de Jonas fugindo de Nínive”, disse a mãe. “E
existe alguma chance de você fugir de Deus, Del?”
“Acho
que não.” Del respondeu.
Quando
o telefone tocou novamente e veio a pergunta:
“Você
considerou o nosso convite, Del?”
“Bem...
eu orei a respeito, e talvez eu deva responder sim. Talvez seja este o caminho para
o qual o Senhor esteja dirigindo a minha vida.” Del Delker respondeu.
E realmente sua vida foi uma
inspiração. Ela se entregou profundamente a este ministério que ela chamava de
“Ministério do Canto”. Muitos são
atraídos pela mensagem dos hinos e se decidem ao ouvi-los, como se fosse uma
pregação, afirmava ela.
Ao visitar o Brasil, pela primeira
vez em 1968, aprendeu a amar o povo brasileiro rapidamente.
Nesta visita lhe perguntaram em
quantas línguas ela cantava e ela respondeu que cantava em 12: Inglês, espanhol, português, alemão, japonês, vietnamês, indonésio,
chinês, ucraniano, navajo, suaíli e árabe.
Não era fácil para ela aprender a
cantar em outras línguas. Sempre tinha o auxílio de bons treinadores e claro,
do Espírito Santo, na aprendizagem.
Quando chegou ao Brasil, as pessoas
que vinham falar com ela pensavam que ela falava português. Você pode imaginar a ‘Torre de Babel’ que se
formava no final das apresentações com dezenas de pessoas tentando falar com
ela e imaginando que estava entendendo tudo o que falavam. Mas de fato, ela
não estava entendo nada.
Ela conta que nesses momentos
gostaria de ter o dom de línguas para poder conversar com todas as pessoas em
suas próprias línguas. Mas certa vez, quando esteve no México, algo aconteceu
que podemos dizer que foi uma manifestação desse dom. Aconteceu em 1973 quando
estava viajando com o Pr. Pérez, orador da “Voz de la Esperanza”, a Voz da Profecia em Espanhol.
Eles foram visitar a casa do Sr.
George Saldaña, um artista mexicano. Ela já havia se apresentado no programa
dele chamado “Sábado com Saldaña”. E agora em sua casa o Sr. Saldaña pediu a
Del que cantasse um hino. O Pr. Pérez sugeriu que ela cantasse o hino “Lonely
Voices”, mas ela não sabia a letra em espanhol.
“Ok, cante em Inglês mesmo”, disse o
Pr. Pérez.
Ela cantou todo o hino em Inglês. Ao
final o Sr. Saldaña fez questão de cumprimenta-la, não apenas pelo lindo hino,
mas também pelo perfeito espanhol.
Del Delker com o quarteto "The King´s Heralds" (11a. formação)
Capa de um dos discos de Del Delker.
Em 1974 ela veio ao Brasil pela
segunda vez e desta vez eu me lembro bem de sua estada aqui, pois estive em
algumas de suas apresentações. De fato até tirei uma foto ao lado dela.
Jonatan Conceição (primeiro à esquerda da foto) com Del Delker em 1974.
Quando chegou ao Brasil logo começou
sua maratona de visitas às igrejas e percebeu que sua voz começava a falhar. Não
demorou muito e ela ficou com laringite e mal conseguia falar ou sussurrar.
Donna, uma de suas amigas que a
acompanhava na viagem disse:
“Você não pode nem tentar cantar.”
“Eu tenho que continuar cantando”,
Del respondeu, “vim de longe para cantar para essas pessoas, e vou colocar o
meu pé no Rio Jordão e o Senhor me ajudará a fazer o impossível.”
Alguma coisa aconteceu. Dois minutos
depois sua voz voltou e ela continuou cantando.
Del Delker conta que viu este
milagre acontecer muitas vezes em seus anos de ministério. De fato, parece que toda minha vida tem estado cheia de milagres, com
Deus provendo tudo o que eu preciso, quando eu preciso, enquanto dedico meus
talentos ao Seu trabalho.
Como era de se esperar, ela foi
convidada para cantar no programa “Fé Para Hoje” em São Paulo. O programa era
ao vivo e pensando em poupar a voz, que não andava muito boa, foi decidido que
ela dublaria um de seus hinos.
De acordo com o livro “Del Delker”,
que conta sua história, esse foi um dos momentos mais embaraçosos de sua vida.
Primeiro eles chegaram ao estúdio
quase na hora de iniciar o programa. Rapidamente a levaram para o estúdio pois
já estava quase na hora de sua participação.
Quando percebeu já estava diante das
câmeras e o diretor lhe deu o sinal de que seria naquele momento.
O disco começou a soar e ela começou
a dublar.
Sim... o disco. Não foi colocado uma
fita, mas um disco para ela dublar.
E aí aconteceu o que ninguém
esperava. Alguém bateu com a mão no braço da vitrola. A agulha saltou vários
versos à frente e ela ficou completamente perdida diante das câmeras, ao vivo. Lembre-se
de que ela estaria dublando um hino em português e essa não era sua língua
natal.
Ela contou que pensava que estavam
gravando e não ao vivo, por isso pediu, vamos gravar de novo e de acordo com
ela, com uma cara bem zangada.
“Estamos ao vivo”, disse alguém.
Eu nunca me senti tão embaraçada em minha vida, contou ela, eu nem tenho ideia de quantas milhares de pessoas me viram nessa
situação tão terrível.
Eu fui uma dessas pessoas que estava
assistindo ao programa e vimos em família o “fiasco”, que na verdade não foi
culpa dela, mas dos profissionais que estavam operando o equipamento. Mas,
naturalmente, quem sofre é aquele que está diante das câmeras.
Del Delker recebendo o carinho do público brasileiro.
Dessa vez a viagem ao Brasil durou 26
dias e ela teve 42 apresentações em 14 cidades diferentes. Ela cantou 256 hinos
em 5 línguas diferentes.
Você pode perguntar, como é que você
sabe isso?
Ela teve o cuidado de contar e
marcar e deixou o registro no livro que conta sua história. Para alguém que chegou com laringite, realmente Deus operou um grande milagre.
Capa do livro que conta a história de Del Delker
Del Delker em capa da Revista Adventista brasileira.
Em 1986, foi eleita a Mulher do Ano
na Vida da Igreja, pelo “Ministério da Mulher da Igreja Adventista”
(Association of Adventist Women).
Em 1993 ela veio ao Brasil pela
última vez, por ocasião do cinquentenário da Voz da Profecia.
Ela se lembra com carinho os
momentos que passou nessa viagem e a vibração de nossos irmãos celebrando
Quando ouviu o quarteto cantando “Breve virá, breve virá”, disse em seu
coração: Ora vem, Senhor Jesus!
Quando estive em uma campal da Voz da Profecia nos Estados Unidos em
1998, vi o carinho dos amigos da Voz para com essa mulher de Deus. Pude ouvi-la
cantando novamente e parece que o tempo não havia afetado a sua voz. Ali
estavam expostos os mais de 40 discos gravados por ela nos Estados Unidos.
A última vez que a encontrei foi em
uma visita à sede da Voz da Profecia,
em Simmi Valley, na Califórnia, em 2008. Não podia perder a chance e repeti o
que havia feito em 1974, tirei outra foto ao lado dela.
Certamente, Deus a tem usado sua voz
neste maravilhoso ministério da música aqui na terra.
Jonatan com Del Delker, na Califórnia em 2008.