A Voz da Profecia nasceu em 1943 e durante esses longos anos se tornou referência em programa religioso no Brasil. Seu quarteto Arautos do Rei iniciou seus trabalhos no Brasil em 1962. Sua mensagem é anunciar a volta de Jesus até a sua vinda.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Del Delker, Uma Voz Feminina na VP

Del Delker em foto de 1947

Del Delker conta que quando tinha apenas 3 anos de idade, foi, sem que sua mãe soubesse, até uma esquina próxima de sua casa e começou a cantar. Logo o povo se aglomerou em torno dela e começou a dar-lhe dinheiro. Quando finalmente sua mãe a encontrou, ela tinha as mãos cheias de moedas.
Quando jovem, muitas pessoas lhe convidavam para cantar em igrejas, mas ela ia apenas para ser gentil.
Na primeira vez em que ela se apresentou para um grande público teve um momento em que o orgulho começou a aparecer. Ela se sentiu tão desconfortável com esse sentimento que foi para um lugar solitário e orou ao Senhor: Senhor, se minha voz for a causa de eu não ir para o Céu, por favor, tire-a de mim! Ela conta que sentiu como se Deus falasse com ela e dissesse: Eu tomarei conta do seu ego. Deixe isso comigo.
Durante seu longo período cantando para Deus ela sempre afirmou que a glória precisa ir para o Senhor que deu o dom.
Ela foi batizada na Igreja Adventista no dia 27 de Março de 1947. Nesse mesmo ano um homem ligou da Voz da Profecia pedindo a ela que considerasse a possibilidade de vir trabalhar cantando no ministério do rádio.
Ela já vinha cantando regularmente em um programa de rádio da igreja chamado “The Quiet Hour” (A Hora Tranquila) e não deu muita importância ao telefonema respondendo que não estava interessada.
Mas, depois de alguns dias, outra pessoa ligou e fez a mesma pergunta.
Ela, educadamente, respondeu que já havia dito que tinha certeza de que o Senhor tinha outros planos para a sua vida, se sentia honrada com o convite, mas a resposta era não.
Quando ligaram pela terceira vez, ela pensou que as pessoas da Voz da Profecia não tinham conversado entre si e não sabiam que ela tinha recusado.
A pessoa que ligou disse que sabia de sua resposta negativa aos dois primeiros telefonemas, mas, sentia que o Senhor tinha planos para ela. A Voz da Profecia precisava de uma voz feminina em seu departamento. Ele ainda disse a Del que orasse a respeito e ouvisse a resposta de Deus.
Deus começou a trabalhar em seu coração para que aceitasse o chamado, mas ela estava dividida.
Sua mãe percebendo sua aflição perguntou:
“Tem alguma coisa preocupando você, não é, Del? Foi novamente o pessoal da Voz da Profecia?”
            “Sim”, ela respondeu, “mas você sabe que eu tenho planos de ir para a faculdade no próximo Outono. Eu não consigo ver como Deus estaria me chamando para mudar esses planos e me unir a esse ministério. Como é que vou saber o que é certo fazer?”
            “Sabe quem você está me fazendo lembrar?”  Respondeu sua mãe.
            “Quem?”
            “Você está me lembrando da história de Jonas fugindo de Nínive”, disse a mãe. “E existe alguma chance de você fugir de Deus, Del?”
            “Acho que não.” Del respondeu.
            Quando o telefone tocou novamente e veio a pergunta:
            “Você considerou o nosso convite, Del?”
            “Bem... eu orei a respeito, e talvez eu deva responder sim. Talvez seja este o caminho para o qual o Senhor esteja dirigindo a minha vida.” Del Delker respondeu.
E realmente sua vida foi uma inspiração. Ela se entregou profundamente a este ministério que ela chamava de “Ministério do Canto”. Muitos são atraídos pela mensagem dos hinos e se decidem ao ouvi-los, como se fosse uma pregação, afirmava ela.
Ao visitar o Brasil, pela primeira vez em 1968, aprendeu a amar o povo brasileiro rapidamente.
Nesta visita lhe perguntaram em quantas línguas ela cantava e ela respondeu que cantava em 12: Inglês, espanhol, português, alemão, japonês, vietnamês, indonésio, chinês, ucraniano, navajo, suaíli e árabe.
Não era fácil para ela aprender a cantar em outras línguas. Sempre tinha o auxílio de bons treinadores e claro, do Espírito Santo, na aprendizagem.
Quando chegou ao Brasil, as pessoas que vinham falar com ela pensavam que ela falava português. Você pode imaginar a ‘Torre de Babel’ que se formava no final das apresentações com dezenas de pessoas tentando falar com ela e imaginando que estava entendendo tudo o que falavam. Mas de fato, ela não estava entendo nada.
Ela conta que nesses momentos gostaria de ter o dom de línguas para poder conversar com todas as pessoas em suas próprias línguas. Mas certa vez, quando esteve no México, algo aconteceu que podemos dizer que foi uma manifestação desse dom. Aconteceu em 1973 quando estava viajando com o Pr. Pérez, orador da “Voz de la Esperanza”, a Voz da Profecia em Espanhol.
Eles foram visitar a casa do Sr. George Saldaña, um artista mexicano. Ela já havia se apresentado no programa dele chamado “Sábado com Saldaña”. E agora em sua casa o Sr. Saldaña pediu a Del que cantasse um hino. O Pr. Pérez sugeriu que ela cantasse o hino “Lonely Voices”, mas ela não sabia a letra em espanhol.
“Ok, cante em Inglês mesmo”, disse o Pr. Pérez.
Ela cantou todo o hino em Inglês. Ao final o Sr. Saldaña fez questão de cumprimenta-la, não apenas pelo lindo hino, mas também pelo perfeito espanhol.
Del Delker com o quarteto "The King´s Heralds"  (11a. formação)

Capa de um dos discos de Del Delker.


Em 1974 ela veio ao Brasil pela segunda vez e desta vez eu me lembro bem de sua estada aqui, pois estive em algumas de suas apresentações. De fato até tirei uma foto ao lado dela.
Jonatan Conceição (primeiro à esquerda da foto) com Del Delker em 1974.

Quando chegou ao Brasil logo começou sua maratona de visitas às igrejas e percebeu que sua voz começava a falhar. Não demorou muito e ela ficou com laringite e mal conseguia falar ou sussurrar.
Donna, uma de suas amigas que a acompanhava na viagem disse:
“Você não pode nem tentar cantar.”
“Eu tenho que continuar cantando”, Del respondeu, “vim de longe para cantar para essas pessoas, e vou colocar o meu pé no Rio Jordão e o Senhor me ajudará a fazer o impossível.”
Alguma coisa aconteceu. Dois minutos depois sua voz voltou e ela continuou cantando.
Del Delker conta que viu este milagre acontecer muitas vezes em seus anos de ministério. De fato, parece que toda minha vida tem estado cheia de milagres, com Deus provendo tudo o que eu preciso, quando eu preciso, enquanto dedico meus talentos ao Seu trabalho.
Como era de se esperar, ela foi convidada para cantar no programa “Fé Para Hoje” em São Paulo. O programa era ao vivo e pensando em poupar a voz, que não andava muito boa, foi decidido que ela dublaria um de seus hinos.
De acordo com o livro “Del Delker”, que conta sua história, esse foi um dos momentos mais embaraçosos de sua vida.
Primeiro eles chegaram ao estúdio quase na hora de iniciar o programa. Rapidamente a levaram para o estúdio pois já estava quase na hora de sua participação.
Quando percebeu já estava diante das câmeras e o diretor lhe deu o sinal de que seria naquele momento.
O disco começou a soar e ela começou a dublar.
Sim... o disco. Não foi colocado uma fita, mas um disco para ela dublar.
E aí aconteceu o que ninguém esperava. Alguém bateu com a mão no braço da vitrola. A agulha saltou vários versos à frente e ela ficou completamente perdida diante das câmeras, ao vivo. Lembre-se de que ela estaria dublando um hino em português e essa não era sua língua natal.
Ela contou que pensava que estavam gravando e não ao vivo, por isso pediu, vamos gravar de novo e de acordo com ela, com uma cara bem zangada.
“Estamos ao vivo”, disse alguém.
Eu nunca me senti tão embaraçada em minha vida, contou ela, eu nem tenho ideia de quantas milhares de pessoas me viram nessa situação tão terrível.
 Eu fui uma dessas pessoas que estava assistindo ao programa e vimos em família o “fiasco”, que na verdade não foi culpa dela, mas dos profissionais que estavam operando o equipamento. Mas, naturalmente, quem sofre é aquele que está diante das câmeras.

Del Delker recebendo o carinho do público brasileiro.

Dessa vez a viagem ao Brasil durou 26 dias e ela teve 42 apresentações em 14 cidades diferentes. Ela cantou 256 hinos em 5 línguas diferentes.
Você pode perguntar, como é que você sabe isso?
Ela teve o cuidado de contar e marcar e deixou o registro no livro que conta sua história. Para alguém que chegou com laringite, realmente Deus operou um grande milagre.

Capa do livro que conta a história de Del Delker

Del Delker em capa da Revista Adventista brasileira.


Em 1986, foi eleita a Mulher do Ano na Vida da Igreja, pelo “Ministério da Mulher da Igreja Adventista” (Association of Adventist Women).
Em 1993 ela veio ao Brasil pela última vez, por ocasião do cinquentenário da Voz da Profecia.
Ela se lembra com carinho os momentos que passou nessa viagem e a vibração de nossos irmãos celebrando Quando ouviu o quarteto cantando “Breve virá, breve virá”, disse em seu coração: Ora vem, Senhor Jesus!
Quando estive em uma campal da Voz da Profecia nos Estados Unidos em 1998, vi o carinho dos amigos da Voz para com essa mulher de Deus. Pude ouvi-la cantando novamente e parece que o tempo não havia afetado a sua voz. Ali estavam expostos os mais de 40 discos gravados por ela nos Estados Unidos.
A última vez que a encontrei foi em uma visita à sede da Voz da Profecia, em Simmi Valley, na Califórnia, em 2008. Não podia perder a chance e repeti o que havia feito em 1974, tirei outra foto ao lado dela.
Certamente, Deus a tem usado sua voz neste maravilhoso ministério da música aqui na terra.

Jonatan com Del Delker, na Califórnia em 2008.


4 comentários:

  1. Olá
    Estou realizando um trabalho sobre a história da cantora Del Delker e vejo que você menciona 3 viagens dela ao Brasil, em 1968,1974 e 1993. No entanto ela esteve no Brasil também em 1979 e participou de uma campanha evangelística realizada pelo Pr. Alcides Campolongo em Canos RS. Quero saber se confirma essa estada dela no Brasil?
    Agradeço sua atenção e fico no aguardo.
    Milton J. Souza - souzaprit@uol.com.br

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  2. Tive o elevado privilégio do conhecer pessoalmente, a cantora Del Delker, no auditório da Escola de Saúde pública em Belo Horizonte, em 1974. Nessa ocasião estava acompanhada do Quarteto Arautos do Rei,cujos componentes era: Eclair da Cruz, Melchiades Soares, Wilson Ferraz de Almeida, e Robert Conrad Filho, e a presença do saudoso Pr. Rabelo! Senti muito a morte do Pr. Rabelo, do Eclair, do Samuel Campos, e agora, já derramei muitas lágrimas, ao saber a nossa querida Del Delker tbm faleceu! Espero revê-los por ocasião da volta de Jesus. Moacir Dias de Oliveira. seomoinha@gmail.com

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